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Foto do escritorFernando De Santis

A insegurança com o próprio corpo

Neste terceiro ensaio, discutirei um tema que é muito comum: sempre recebo mensagens de moças falando que se sentem inseguras com o próprio corpo, que adorariam fazer a sessão de fotos, que adoram ver as fotos das outras moças, mas morrem de medo por insegurança.

Como falei no primeiro texto, quando chego a um set para um ensaio, costumo observar tudo, disposição dos móveis, luz que entra pelas janelas, luz artificial de luminárias ou lâmpadas, espelhos, e principalmente observo a modelo. Já teve modelo que me recebeu de camiseta e calcinha, pronta pro ensaio, animada, pulando pelo quarto, toda feliz, pensei de cara: “vai ser tranquila essa sessão”. Tem outras que me dão “oi” baixinho, tímidas, reticentes do que está por vir, outras vezes, é apenas ansiedade de como será, se ficará bom, se vão corresponder, e se no final ficará como elas esperam. Eu consigo notar esse tipo de expectativa logo no início, nos primeiros contatos.

Por essas e outras, a sessão fotográfica, para mim, começa antes, bem antes do ensaio em si. Começo a discutir com a modelo (moça que me contrata) detalhes de como serão as fotos. Peço referências de fotos que ela gosta, discutimos produção, se terá acessórios, como será o cabelo, maquiagem, como serão as lingeries que ela usará, como serão as trocas, em quais lugares da locação será cada uma das trocas, discutimos até playlist, o que tocará no som durante o ensaio. Além disso, bato um papo mesmo, para conhecê-la, saber o que espera das fotos, o que ela faz, se estuda, se trabalha, se pretende postar as fotos, o que gosta de fazer para se divertir… e você pode estar se perguntando o motivo disso tudo antes do ensaio, principalmente esse papo que em princípio pode parecer furado. Chegando no dia do ensaio já não somos mais completos estranhos, não sou mais aquele careca feio que a modelo terá que tirar a roupa (ou quase toda roupa) e fará poses. Essa pré-conversa é um grande “quebra gelo”. Além disso, muito dessas conversas que temos antes do ensaio voltam de alguma forma na hora da sessão de fotos, seja para eu arrancar um riso da modelo, ou trazê-la para dentro do ensaio em uma eventual dispersão.

Mas mesmo assim, é muito comum a moça ficar constrangida ou com medo no início das fotos. Vou contar para vocês, já teve caso em que eu fotografei uma moça que tinha (tem) um corpo impecável, sem detalhes, enquanto eu ia limpando meu equipamento, puxei papo para ela me falar das tattoos que ele tinha, e ela tremia enquanto me mostrava. Me confessou que tinha medo de que não fossem ficar legais as fotos por culpa dela! Vivemos em uma sociedade que obriga a mulher a ter um corpo fenomenal, um padrão bizarro imposto por revistas, propagandas e redes sociais. As moças acabam se sentindo massacradas com essa obrigação e pressão, e chegam reticentes em relação à própria beleza, mesmo sendo lindas. E garanto que todas as mulheres têm a sua beleza e sua peculiaridade. Da mais magrinha até a mais gordinha, se ela conseguir se desvencilhar dessa obrigação de corpo de Panicat e sentir-se bem, o ensaio sempre sairá lindo. A beleza está lá, mas as moças sempre acabam se olhando atrás da mesma lente do celular ou do espelho, pela mesma perspectiva. Um ensaio sensual ou um ensaio street tem o poder de apresentar à moça a ela mesma, através de um novo olhar, por outro prisma. Já comentei que para mim, o maior prêmio durante um ensaio é quando a modelo olha o LCD da câmera e comemora uma foto “nossa! Que linda!” ou “não acredito, não sou eu!”. É o exercício de ser ver através de outros olhos. “Não gosto do meu bumbum, Fê”, mas muitas vezes ela nunca viu o bumbum por outro ângulo sem ser de costas em um espelho. O mais triste disso tudo é que essa obrigação de beleza para as mulheres é sumariamente ignorada por para os homens. Homens se apresentam barrigudos, peludos, com bundas murchas e são bem vistos assim. Chegou realmente a hora das mulheres se aceitarem, de se amarem mais, do jeito que realmente são.

Em suma, quase todas as moças que chegam para fotografar, chegam carregando pelo menos uma pontinha de ansiedade e insegurança. Isso é comum e passa, basta saber que esse é o seu corpo, e será esse corpo que você carregará pra sempre, então ame-o.

Hilary, moça que fotografei e amei conhece-la! Amor puro!
Hillary

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