Muitas pessoas têm feito retrospectivas nos stories do Instagram, gostei muito da ideia, mas achei muito corrido, muito apertado e muito desesperado para ler. Talvez ninguém perca tempo lendo, mas organizarei minhas ideias, e fiz um revival do que trabalhei esse ano. Obviamente, é impossível citar todos os ensaios que fiz, mas citarei alguns sets que me marcaram, alguns acontecimentos e projetos.
2020 começou e todos nós estávamos apenas flutuando, era mais um ano que viria, mais um ano normal, mas nos noticiários, um vírus contagioso surgia na China. Na China? Do outro lado do mundo? Até parece que virá pra cá...
Em janeiro lancei meu projeto f 2.8, que contou com a sessão de fotos que fiz com a modelo Amanda Ventura. Uma sessão atípica minha, pois fiz em um estúdio, desses de fundo infinito, todo preto. Tudo que eu tinha era a luz, modelo e um banquinho (além do calor). Mas se é diferente, se é desafiador, e se é com a Amanda Ventura, eu gosto! Ficou tão legal que virou a capa da primeira edição do meu projeto.
Como disse na última edição do f 2.8, eu mal sabia que esse meu projeto seria um oásis de criatividade e esperança num ano tão nebuloso como esse que passamos. Foram doze edições, uma para cada mês, com onze ensaios femininos e um ensaio meu.
Em janeiro fiz alguns sessões que gostei muito, entre elas, uma bem artística da Gabi Alka, que depois, ao final, a Giovanna Chiaroni se juntou e fez umas fotos em dupla. Em janeiro fiz um final de semana de muito sucesso no edifício Copan, em São Paulo, local que caiu nas minhas graças e foi repetido outras vezes.
Nesse mesmo mês fiz o ensaio da Camila, que estava grávida. Foi o meu primeiro ensaio sensual de gestante, e foi certeiro! Amei o resultado e muitas moças que viram, também curtiram.
Também aproveitei o mês para executar a foto que seria A FOTO do meu projeto f 2.8. Foi um shot apenas, da modelo Carol Trevisan, no restaurante Salve Jorge, no centro de São Paulo, na hora do almoço, e ela, com o seio de fora. Foram duas tentativas para conseguirmos e deu muito certo! Adrenalina e arte andam juntas. Em janeiro o site Testosterona publicou meu terceiro ensaio com eles, da modelo paulistana Janis Vitti. Fizemos no estúdio Flores, no Tatuapé, e foi temático de futebol americano!
Em fevereiro, fiz meu primeiro ensaio de cosplay, com a modelo Bruna Fairbakns, fazendo a Vandinha do filme "A Família Adams". Uma experiência ímpar, que pretendo fazer mais vezes, pois é muito divertido e meio que fora do que estou acostumado a fazer.
Além disso, nesse mês, fiz meu último workshop de direção de modelos em grupo. Foi divertido demais, produtivo, e contei com a modelo Carol Trevisan e com a Giovanna Chiaroni, em uma turma dedicada. Foram mais de oito horas de arte pura!
Me marcou também o ensaio que fiz com a cliente Lorena Leite, que fez um sensual maravilhoso nas ruas de Santos! Foi corajosa demais e rendeu fotos incríveis, que posto até hoje.
Chegou então o mês de março. Tirei férias e fui com a minha esposa para a Bahia, na Praia do Forte e Imbassaí. Mal sabia que depois disso, tudo iria mudar. Ao voltar, a pandemia estourou, o mundo estava se fechando. Tive que cancelar duas locações que estavam lotadas, uma em São Paulo (21 e 22) e outra em Santos (28 e 29). Felizmente todas as clientes compreenderam. No dia 28 de março, perdi meu pai para o COVID. Minha última sessão antes de parar tudo foi uma street noturna, com a modelo Jackeline Kravtchenko, que virou a capa da terceira edição da f 2.8
Em abril me peguei no ápice do desespero, sem trabalhos de fotografia, sem norte, sem saber quando fotografaria novamente, de luto, comecei a estudar. Peguei meus dias para ver livros de arte, ler livros, rever vídeo aulas, escutar música... e comecei a guardar um monte de ideias na minha cabeça. Comprei uma máquina de fumaça, que foi bem útil depois e fiz então, uma auto sessão, totalmente entediado, para ser capa da edição seguinte do meu projeto.
Em maio eu estava muito cansado, com a cabeça explodindo, resolvi fazer UM ensaio, com a Nathalia Martins. Fizemos no Estúdio Jardim Guedala, em São Paulo, e virou capa, posteriormente do projeto. Lembro que saí de casa achando tudo muito estranho, com medo, parecia caipira na cidade grande, sem saber fazer as coisas pela rua. A sessão foi feita em segurança, com máscara o tempo todo, e me serviu como uma vitamina, para eu seguir em frente, em casa.
Nesse mês abri o curso de fotografia básica, de forma on-line e consegui trabalhar um pouco com o que gosto, dando aula para o Raul, de Balneário Camboriú. Ainda em maio entrei na onda e fiz meu primeiro e único ensaio fotográfico à distância, com a Bel Gama. As fotos ficaram bem legais, mas nem se compara com uma sessão ao vivo, se movimentando, observando as reações da modelo. Foi uma experiência diferente, mas não pretendo repetir.
No mês de junho comecei a colocar o pé pra fora, bem aos poucos, para testar o mercado, para ver se teria demanda de clientes, para ver a melhor forma de fazer tudo da maneira mais segura possível. Atendi algumas clientes pontuais, sempre de máscara, álcool em gel, sem proximidade, com janelas abertas e com no máximo três pessoas no set, sendo que eu ia e voltava de carro, para não me expor no transporte público. Foi bom para me esquentar novamente no mercado, vi que havia então uma procura.
Nesse mês fiz um projeto lindo, chamado "Fotografia por Amor", com a Jaque, onde vendi fotos impressas, e todo dinheiro arrecado, doei para o projeto Casa 1, em São Paulo, que abraça e abriga o público LGBT, que é expulso de casa. Pensei que venderia mais, mas foi compreensível, em tempos de pandemia, as pessoas não se animarem muito em gastar, mas em todo caso, fiz uma bela contribuição para o projeto.
Em julho fiz um pouco mais de sessões, algumas de clientes, outras, para soltar toda imaginação que eu tinha represado em mim, no período de confinamento. Em geral, a minha vida era, em casa e saia pontualmente para fazer as sessões.
Fiz um set com a Carol Trevisan, que virou capa do site Testosterona, minha quarta capa com eles, a segunda no ano. Além disso, a Carol curtiu a ideia do set gamer que eu trouxe, e fizemos uma sessão histórica, no edifício Copan, com ela jogando videogame. Tudo feito de forma fake, embora tivéssemos levado consoles, headsets, joysticks, etc. As cenas dos games, na tela da TV, nós pegamos de vídeos do Youtube, e as luzes coloridas, fizemos com um bastão de led. Foi a criatividade colocada à prova e rendeu!
Embora eu estivesse saindo pontualmente, para fazer as sessões, raramente estava na rua, então entrei para o mundo das lives, e em agosto, fiz diversas vezes. Ás vezes sem tema, outras vezes com algum tema específico, ou conversando com modelos ou fotógrafos. Aproveitei esse período para enfrentar essa barreira que eu tinha em aparecer em vídeo. Não venci ainda, mas estou melhorando. E no final de agosto, finalmente voltei à Santos, para ver minha família, depois de cinco meses, e fechei uma locação sold out em São Vicente, com sets sensacionais!
A procura foi tão boa que no começo de setembro tive que reabrir, a mesma locação e deu sold out novamente. E uma dessas sessões foi com a modelo Sté Silva, para a revista TU. A edição anterior da revista, com a Tha Matos, foi uma edição que ela mesma se fotografou, por conta do isolamento. Tinha sido a primeira vez que a revista saiu sem uma sessão minha. Na edição seguinte, consegui fazer e esse set da Sté, e foi um dos melhores do ano, com uma ideia fantástica de pós produção em rosa, do meu amigo Thiago Souto.
Também comecei o workshop de direção de modelos individual. O formato é exatamente o mesmo do em turma, porém, feito de forma solitária e apenas com uma modelo, a Carol Trevisan. O fotógrafo Marcos estreou o formato e foi muito produtivo, sendo que repeti mais vezes posteriormente.
Outubro as coisas já estavam bem mais alinhadas no sentido de clientes, procuras e demandas. Trabalhei normalmente, claro que sempre com máscara, mãos limpas e sem contato físico. Tirei mini férias na semana do meu aniversário e passei uns dias com a minha esposa em Paúba e Maresias, no litoral norte, de São Paulo. Demos sorte com dias lindos de sol e calor. Voltei com tudo, fiz o ensaio da Loah, que teve câncer da mama, o que me rendeu a ideia de falar um pouco mais da prevenção ao câncer, aqui no meu site e no instagram, por conta do outubro rosa.
Começamos novembro com a história do "estupro culposo", da Mariana Ferrer, que me fez escrever e postar à respeito. Novembro tive o curso de direção com o aluno / fotógrafo Jerry, que veio de São Luís do Paraitinga, para aprender comigo.
Continuei intercalando meus finais de semana entre clientes em São Paulo e Santos, atendendo normalmente, com destaque para a sessão da Liang Wei, que fizemos em Praia Grande. Foi um casual sensual e eu adorei.
Ainda nesse mês, em uma iniciativa do fotógrafo Fabio Ruschi, começamos um grupo de discussão com fotógrafos da área do sensual feminino, onde começamos a debater a função do fotógrafo sensual no mercado. Qual o nosso papel, além de fotografar.
Dezembro começou com um final de semana sold out no Copan, mais um final de semana sold out em Santos, com muito trabalho e suor. O fotógrafo João Victor veio de Floripa, para fazer meu workshop (!!!), que se transformou em um final de semana mágico, com ensaios com a Trevisan, Karol Junckes (de Floripa) e Rebecca Vicentini.
De quebra fiz a sessão da Aline Orbelli, para a revista TU, que sairá agora, nos minutos finais de 2020, e já encabecei a sessão do meu projeto seguinte, que substituirá o projeto f 2.8. Mais detalhes, na semana que vem!
Olhando de longe, parece que 2020 rendeu pouco, por conta da pausa da pandemia, foram alguns meses bem tenebrosos, preso em casa, sem sair, só imaginando quando e como seria o meu próximo clique. Depois que sentei e escrevi todo o retrospecto do ano, descobri que mesmo tendo meses praticamente parados, produzi muito. E arrisco a dizer que se 2021 for melhor no sentido de pandemia e confinamento, trabalharei muito mais!
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